sábado, 18 de junho de 2011

Monte Belo.

Quase um qüinqüênio atrás,
quando começaram a urdir
as conseqüências da instalação da usina de Belo-Monte,
indaguei no "mural de recadinhos", qual seria a proposta.
Na ausência de resposta percebi que não havia nenhuma.
Equipados com bordunas, "pseudo-ambientalista" e "eco-terroristas",
distribuíam bordoadas a esmo, tentando atingir alguém.

O fato é que é fácil defender causa alheia sem medir conseqüência
quando o seu conforto não está em jogo.
Afinal todos os benefícios metropolitanos
continuaram a disposição destes "abnegados" defensores do mato
no sul, no sudeste, no nordeste e no centro-oeste.
Não importando que os que lá estão sofram.

O que eu fico revoltado é que é uma usina SÓ
destinada a  alimentar VINTE E SEIS MILHÕES DE ALMAS,
deste imenso País religioso.

Diferente por exemplo da que coalha e destrói o Rio Tietê
onde a maioria da turma "defensora da mata" reside,
mas não move o "tacape", para modificar.
Conforto faz falta.

O mais absurdo é ser contra o projeto
que pretende substituir o diesel utilizado na região
(aquela coisa que fede e agride atmosfera) por energia limpa.

Vai haver impacto ambiental?! Lógico! Mas o que interessa é o custo beneficio.
Eu como bom mestiço desprezo qualquer elite e existe uma "nativa"
que em uma vingança mesquinha contra as populações ribeirinhas
se arvora em intitular-se "paladina da mata".

Não é!

Nativo não preserva nada, é predador.
É da sua cultura e basta ver em cada aldeia as imensas clareiras.
Retira da terra o que precisa e pronto, por isto quer uma grande extensão, ponto.

Este pequeno intróito foi para apresentar
uma correspondência a respeito do assunto,
satisfeito porque nem todo mundo anda sendo "conduzido".

Cãriùá - TaTaRaNa

Gente querida, sei que o que vou dizer não vai ser popular, mas assim mesmo, lá vai: estou cansada de ser massa de manobra de campanha atrás de campanha baseada em slogans sem fundamento e informações pra lá de distorcidas. Me dei ao trabalho de ler um monte de relatórios e artigos de vários lados dessa polêmica, e a conclusão a que cheguei é de que, no estágio tecnológico deste início de século XXI, a usina de Belo Monte é a melhor opção para o País, sim. Entre várias outras coisas, li uma entrevista do Maurício Tolmasquin, presidente da Empresa de Pesquisa Energética, explicando os detalhes da usina - eu o conheço de há 30 anos atrás, quando ele era da Finep e eu do CNPq, e já era um batalhador pelas fontes renováveis e pela conservação de energia, defensor de uma matriz energética diversificada e limpa. Confio no trabalho dele.
Ao contrário do que está sendo dito por aí, Belo Monte NÃO VAI "devastar áreas enormes da Amazônia" nem "inundar 400.000 hectares da floresta" ou "destruir o rio Xingú" - é uma usina tipo "de fio", que gera com a vazão normal do rio e não terá os enormes reservatórios que tinham as antigas hidrelétricas - e grande parte dos canais que formarão sua área alagada JÁ SÃO PARTE do próprio leito do rio; TAMBÉM NÃO VAI "tirar à força milhares de povos indígenas de suas terras" , e nem é "a sentença de morte dos povos do Xingú" - coisas que estão por aí na internet. Cerca de 5000 famílias de ribeirinhos terão que ser deslocadas, e terão escolha quanto à sua própria realocação - nada, comparado a 1 milhão de pessoas deslocadas pela usina de Três Gargantas, em construção na China. Nem comparado aos 26 milhões de brasileiros que serão abastecidos pela sua energia, à medida que vão saindo de condições de extrema pobreza - e o que esses brasileiros querem (e é só olhar para suas fisionomias para saber que não são tão diferentes dos povos nativos, são seus primos próximos, só que sem direito a nenhuma extensão de floresta) - são as coisas que nós já temos: querem uma casa, geladeira, fogão, tv, computador, telefone, internet, transporte, saneamento, saúde, querem poder viajar. Tudo isso demanda energia.

O que nós brasileiros que já temos tudo isso, e agora queremos florestas, podemos fazer (além, é claro, de nos manter vigilantes quanto ao cumprimento dos planos e condições para a construção da usina, coisa não tão fácil, já que nos distrairemos com os próximos slogans e campanhas) é usar muito menos de todas essas coisas, trocar só quando indispensável, abrir mão de carro novo, de viagem toda hora, ter o mínimo de filhos (a pegada ecológica de um bebê de classe média é enorme, comparada à de um bebê pobre), evitar ao máximo os alimentos da agroindústria, adotar a simplicidade voluntária, o consumo local e o mínimo de deslocamento, enfim, procurar reduzir grande parte de nosso consumo energético inflacionado, para que a demanda se desacelere e um novo modo de viver vá se construindo.

Principalmente porque NENHUMA fonte energética conhecida, renovável ou não, é isenta de conseqüências ambientais. As grandes usinas eólicas são um trambolho no meio das paisagens naturais, podem afetar as populações de pássaros e insetos, além de serem extremamente barulhentas, criando sintomas como dores de cabeça, zunido nos ouvidos, náusea e insônia; as grandes unidades solares  - outros trambolhos paisagísticos - geram massas concentradas de calor em um único local, também afetando adversamente o meio ambiente em seu entorno. Enfim, qualquer coisa na escala da atual população humana e de suas grandes aglomerações é intrinsecamente danosa ao meio ambiente. Não sei como e se conseguiremos sair dessa encrenca coletiva, mas certamente Belo Monte não é tão danosa assim, em comparação às alternativas. Eu certamente prefiro isso, a mais meia dúzia de usinas nucleares.

Queridos, lamento sair de meu longo silêncio para ser tão impertinente, mas garanto, é
Com Amor!

CrisTambor

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